ANTONIO CONDE DIAS - Década de 50 |
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
O CENTENARIO DO JORNALISTA ANTONIO CONDE DIAS
domingo, 12 de junho de 2011
UMA TEIA GENEOLÓGICA QUE URGE SER MELHOR CONHECIDA.
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Jamais busquei vínculos familiares que não fossem comprovados, nem afirmei possuir títulos nobiliárquicos, brasões, sem os tê-los. Nas minhas pesquisas procurei encontrar nos registros existentes na Torre do Tombo, na Universidade de Coimbra, nos meus estudos efetuados em Portugal, percorrendo as fontes das transcrições do Archivo Nobiliárquico Brasileiro e na Enciclopédia Wikipédia, através de longas pesquisas realizadas durante vários anos.
Tenho uma posição definida, comecei como Aprendiz e com meus esforços e estudos cheguei por concurso público a Procurador Federal, classe Especial, após quase cinquenta anos de serviços prestados à Nação.
As comendas que recebi, destaco as Medalhas do Mérito no grau de Comendador “SAN TIAGO DANTAS, TOBIAS BARRETO e a dos Colonizadores da Província” com as quais fui agraciado, a primeira somente recebida por mim e pelo atual Ministro do S.T.F. Carlos Ayres Britto, sergipano como eu, que teve a honra de receber tal distinção.
Quanto às nossas raízes genealógicas, são oriundas de uma das dez famílias mais antigas, desde o Brasil Colônia, passando pelo Império e a República dos nossos dias, onde se comprova que as famílias COELHO E MELLO, DIAS, SOBRAL, FRANCO, LEITE, ROLEMBERG, MENEZES, GARCEZ, GÓES, PRADO, ACCIOLY, DANTAS, foram enraizadas através de casamentos sucessivos entre parentes, conforme registros nas citadas fontes acima, cujos descendentes da burguesia fidalga chegaram ao poder e vieram muitos deles a governar o nosso Estado.
Está mais que provado que estas famílias nobres em remotos tempos tiveram vínculos com o fidalgo Bispo de Trípoli, casado com Maria Dias Jácome, as quais deram origem a diversas outras famílias, como por exemplo, Diogo da Rocha e Sá III, que casou-se com sua prima Catarina, filha de Gaspar Dias que viveu em Sergipe Del Rey, desde 1610, sendo sua mulher Maria Dias, bisneta de Caramurú. Também Diogo de Sá Sotomaior, Capitão da Capitania de Sergipe, falecido em 1696, casado na Villa de Socorro com Guiomar Rocha Sá. Já o primeiro GONÇALO de Sá Sotomaior, entre tantos outros, desde 1683, casou-se com Anna Dias Correia Dantas, ancestral dos Barões de Itaporanga e de Estância, Domingos e Antonio Dias Coelho e Mello.
Provêm da descendência fidalga, localizada em terras de Sergipe Del Rey, quando em 1759, Joana Dias Maciel casou-se com o primeiro Albano do Prado Pimentel em Itabaiana, irmão do sargento-mór Antonio Dias Coelho do Prado Pimentel, de cuja ascendência vem o terceiro Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, nascido em Coimbra-Portugal em 1504 e falecido no Brasil em 10 de março de 1572, na Cidade de Salvador-Bahia.
O Padre José de Anchieta retrata com admiração e respeito o momento da chegada de Mem de Sá à Bahia, e em seu poema afirma em um dos versos: “Herói de extraordinária coragem, sangue de nobres antepassados e da seiva ilustre de longa ascendência, superior aos anos! Excelente sua alma, pois lhe poliram vasta ciência com experiência longa do mundo”.
Ainda sobre o terceiro Governador Geral do Brasil, ancestral das famílias acima enumeradas, e enaltecida pela descendência de nobres, reconhecida por suas ramificações e também por diversos componentes que estudaram Direito na Universidade de Salamanca, graduando-se ainda jovem em 1528. Após sua formação jurídica exerceu o cargo de Juiz em várias comarcas portuguesas.
No Brasil o terceiro Governador Geral, enfrentou vários levantes indígenas. Guerreou com os índios em Ilhéus e em Porto Seguro. Com ajuda dos Padres Jesuítas Manuel de Nóbrega e José Anchieta conseguiram vencer a guerra contra os Tamóios na Capitania de São Vicente. Seu governo foi de relativa paz e prosperidade, e um dos fatos mais notáveis foi a expulsão dos franceses do Brasil, notadamente na região onde hoje fica a Cidade do Rio de Janeiro.
Em 1572, ao deixar o Brasil e voltar para Portugal faleceu repentinamente e seu corpo foi enterrado no Cruzeiro da Igreja dos Jesuítas na Bahia. Seus descendentes aumentaram e se fixaram em várias regiões no Brasil, onde podemos destacar:
MARIA TERESA DE JESUS, casada com o genitor do Barão de Itaporanga Domingos Dias Coelho e Mello II em 1773.
Domingos Dias Coelho e Mello III, Barão de Itaporanga nasceu em 1785 e faleceu em 1874, casado com Maria Micaela Dantas e Melo, genitores que foram do Barão de Estância Antonio Dias Coelho e Mello, nascido em 1807 e falecido em 1904, meu heptavô, e são seus descendentes:
Albano do Prado Pimentel II, casado com Quitéria de Menezes, inventariada em1833, filha de João Gonçalves Franco, o Senhor do Engenho Serra Negra, sendo sua primeira mulher, Clemência de Menezes, os quais tiveram outros filhos, o Padre Antonio Coelho do Prado, o Barão de Propriá, José Trindade Prado, José Inácio do Prado, nome do seu tio-avô, José Inácio Accioly de Vasconcelos Brandão, Barão de Aracaju, e ainda Francisco Menezes Barreto, Genoveva, Emerenciana. São filhos do segundo leito, José do Prado Franco nascido em 14/02/1905 em Laranjeiras e seus outros irmãos Walter do Prado Franco, Senador e Empresário; Manuel do Prado Franco (“Manelito”) nascido em 29/08/1911, Augusto do Prado Franco, pai de Albano do Prado Pimentel Franco (VI), Senador, líder empresarial , Governador do Estado, Flávio do Prado Franco, banqueiro, nascido em 06/03/1916, José do Prado Franco, usineiro, nascido em 22/08/1918, Maria Augusta Franco, nascida em 10/11/1919. Teve também os filhos do primeiro leito, que foram: Antonio do Prado Franco, usineiro, Albano do Prado Franco (V), José do Prado Franco e Cecília do Prado Franco. E ainda constitui a prole de Francisco de Barros Pimentel Franco I, nascido em Laranjeiras em 1845, falecido em 14/11/1922, casado com Maria Lydia Franco, pais de Amélia Franco I, Helena Menezes, Francisco de Barros Pimentel Franco II, casado com Cecília Pimentel Franco. José de Barros Pimentel Franco teve mais cinco filhos que foram: Achilles, Lafayette, Maria, Lavínia, Anna, Cecília III, João Gonçalves Franco II e Isabel do Prado Franco, e José Guilherme Franco que teve uma filha natural, Antonia Maria de São José.
Albano do Prado Pimentel Franco (IV), falecido em 18/11/1927 casou-se duas vezes, a primeira vez com Maria Rosa Franco do Engenho São José em Itabaiana, e a segunda com Adélia do Prado Franco, filha de Manuel Raimundo Teles de Menezes e de Clara Accioly do Prado Menezes, ele filho de Semeão Teles de Menezes Sobral (I) e de Rosa Cândida Dias Sobral (I), e ela filha de José Inácio Accioly do Prado, Barão de Aracaju.
Todos esses, acima citados, são descendentes da burguesia fidalga instalada no Brasil desde o Descobrimento, cujas famílias são de uma sucessão de senhores da terra até este século, onde continuaram a ocupar o Poder, cujos descendentes já enumeramos em trabalho anterior.
Domingos Dias Coelho e Mello, Barão de Itaporanga, cujo trisavô é os Vieira de Mello de Pernambuco, dos quais descendem também todas famílias citadas, com copiosa ascendência com os fidalgos da Casa Real de Portugal, de Vianna do Castello e também da ascendência alemã da região da Bavária, e ancestralidade desde Florença em 1515, e dos primórdios colonizadores que desembarcaram em 1509 no Brasil.
Em outra oportunidade, voltarei a relatar que o Senador Gonçalo Rolemberg e seu pai Manuel Rolemberg de Menezes descendem também diretamente de Apolônia Álvares, sua octavó, filha de Diogo Álvares Correia, “o Caramurú”, e dos fidalgos de Vianna do Castelo em Portugal, origem dos primeiros colonizadores.
A família referida, como a mais importante dos grupos do poder provincial e estadual na Bahia, Sergipe, e Rio de Janeiro, através das ramificações com os Correias de Sá e Benevides, depois se estenderam nas Capitanias de Pernambuco e São Paulo.
É algo admirável pela continuidade secular de nossa formação histórica. Os filhos de Caramurú e Paraguaçú são de origem portuguesa, os quais chegaram nos primórdios do século XVI, lideraram durante trezentos anos a ocupação territorial da Bahia.
Certa feita em Brasília (DF), em um almoço acontecido em um dos famosos restaurantes da Corte, uma autoridade paulistana disse-me “Soube que o senhor cultiva como pesquisador seus ancestrais e o estudo sobre traços da história da genealogia remota”, e ao qual respondi taxativamente: “Quem não tem passado, não tem presente, e não terá futuro.”
Eu tenho a honra de revelar a todos que acompanham os meus esforços culturais de pesquisas, que assim o fazendo, conscientizo-me de que estou cumprindo um papel do maior interesse para a evolução do conhecimento das nossas realidades sociais, econômicas, políticas e de melhor identificação do espírito da Sergipanidade.
(O Autor é Professor Universitário, Procurador Federal, Vice-Presidente de Assuntos Governamentais e Adjunto da Presidência da Associação Nacional dos Procuradores Federais (ANPAF) em Brasília-DF).
domingo, 24 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
José Augusto Garcez, precursor da museologia sergipana*
De acordo com a museóloga Cristina Bruno, “a construção da memória da Museologia é uma tarefa que não pode ser realizada, muitas vezes, sem o estudo biográfico e a análise da produção de seus principais protagonistas” (Bruno & Neves. Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento. São Cristóvão: Museu de Arqueologia de Xingó, 2008. p. 23). Esse é o caso da Museologia sergipana, pois a trajetória do colecionador e museólogo José Augusto Garcez, se entrelaça com a história cultural do Estado de Sergipe, principalmente nas décadas de 1940 e 1950 do século XX, onde exerceu uma forte influência para o desenvolvimento dos nossos museus.
Nascido em 1918, na Usina Escurial (São Cristóvão), filho de Silvio Sobral Garcez e Carolina Sobral Garcez, iniciou seus estudos secundários no Colégio Tobias Barreto, concluindo-os no Colégio Maristas, em Salvador. Mais tarde, ainda na Bahia, iniciou o Curso de Direito, que, por motivos de saúde, não chegou a concluir. Foi nesse momento de fragilidade física que, Garcez conheceu o médico Prado Valadares, de quem se tornou amigo e a quem dedicou um interessante texto biográfico, em 1938. Iniciando sua atuação como articulista, aos 20 anos, Garcez passa a contribuir com vários jornais na Bahia, no Rio de Janeiro, em São Paulo e, sobretudo, na imprensa sergipana.
Intelectual atuante e aficionado pelo universo da cultura, José Augusto Garcez fez parte de mais de uma dezena de instituições culturais, dentre elas o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), a Sociedade Brasileira de Folclore, a Associação Sergipana e Brasileira de Imprensa. Ingressou na Academia Sergipana de Letras em 15 de novembro de 1972, tornando-se o ocupante da cadeira de número 22. Em 1953, fundou um dos mais importantes movimentos culturais do Estado, o Movimento Cultural de Sergipe, responsável pela edição de dezenas de livros, chegando à década de 1960, com 37 volumes publicados, revelando e destacando grandes nomes da literatura sergipana.
Imbuído do desejo de musealizar as raízes culturais de Sergipe, José Augusto Garcez fundou, em 1948, e manteve com recursos próprios, o “Museu Sergipano de Arte e Tradição”, o qual foi detentor de um grande acervo referente à cultura material de Sergipe, resultado de coletas feitas em suas viagens pelo interior do Estado. A partir de suas ações museológicas, Sergipe passa a se destacar no quadro da museologia nacional, acompanhando o período de efervescência do surgimento dos Museus de Arte Moderna. Nesse sentido, Maria Cecília Lourenço informa que, naquele contexto, “nem todos [os museus] são chamados de Museu de Arte (...). Outros contêm em sua denominação Museu de Arte e Tradição, como os do Estado do Sergipe, sediados em Aracaju (1948) e na cidade de Itaporanga D’Ajuda” (LOURENÇO. Museus Acolhem Moderno. EdUFS, 1999, p.89).
Foi no Museu de Arte e Tradição que o intelectual preservou, pesquisou e comunicou parte do patrimônio salvaguardado. Mesmo funcionando em um espaço inapropriado, o que limitava a expografia e dava um aspecto de grande reserva técnica ou depósito, a instituição cumpriu suas funções museais, conferindo-lhe destaque diante de sua funcionalidade e sendo bastante visitado. Foi nesse cenário que ocorreu um progressivo desenvolvimento das pesquisas e estudos da cultura material sergipana, desdobrando-se em algumas publicações, a exemplo de “Canudos Submersos” (1956), “Holandeses em Sergipe” (no prelo), “O destino da Província” (1954), dentre outros. Sua casa tornou-se um centro irradiador do pensamento museológico sergipano, sendo sua coleção uma chave reveladora para o seu entendimento, através da qual seus estudos construíam, reconstruíam e desconstruíam versões pautadas no processo da pesquisa de documentação museológica.
Como reza o ditado popular, “costume de casa vai à praça”, assim fez o colecionador, extrapolando para além da sua residência, os conhecimentos museológicos. Sabedor do poder do rádio, enquanto instrumento de educação e expansão da cultura, Garcez criou o programa “Panorama Cultural”, em 1949, na antiga Rádio PRJ 6, o qual se caracterizou pela divulgação das atividades de pesquisa desenvolvidas no âmbito do Museu de Arte e Tradição, entre elas poesia, literatura brasileira e sergipana.
Garcez foi o idealizador do Serviço de Pesquisa e Documentação Cultural-Científica, cuja função era resgatar documentos que versavam sobre a história sergipana, criando, também a Biblioteca Popular Tobias Barreto, fatos que atestam as idéias do colecionador em ressaltar os valores culturais de Sergipe.
Atuando em vários planos da Museologia, Garcez foi da prática à teoria com o seu livro “Realidade e Destino dos Museus” (Aracaju: Livraria Regina, 1958), sendo o responsável por uma obra pioneira de análise crítica e comparativa das primeiras instituições museológicas do Estado de Sergipe. Através da sua leitura é possível perceber a sua insurgente atuação em prol da cultura sergipana, sobretudo no campo Museológico, reivindicando melhorias para os nossos museus e, até mesmo, a criação de um museu para a cidade de Aracaju.
Partindo dessa breve análise da atuação de Garcez, podemos concluir que a sua preocupação com a musealização da memória cultural de Sergipe e a sua atuação prática – fazendo do Museu Sergipano de Arte e Tradição o primeiro espaço que efetivamente desenvolveu as funções básicas de uma instituição museal: a preservação, pesquisa e comunicação – torna-o precursor do pensamento museológico sergipano. Em 1976, parte da sua coleção foi vendida para o governo do Estado e passou a compor os acervos do Museu Histórico de Sergipe (São Cristóvão), do Museu Afro-Brasileiro de Sergipe (Laranjeiras) e do Arquivo Público Estadual, em Aracaju.
Em 12 de janeiro de 1992, aos 74 anos, José Augusto Garcez faleceu em Aracaju. Na ocasião, Luiz Antônio Barreto destacou que: “mais do que a foto antiga repleta de mortos, fica a memória, o gesto (...) abençoa[n]do a todos que buscavam na sua casa - mais que uma casa, um refúgio e um museu - o contato e o convívio da intimidade que a cultura sempre fez possível, pela linguagem do mesmo fazer” (José Augusto Garcez, um estranho homem. Revista do IHGSE. N° 31, 1992). Assim, entre os que fazem a Museologia sergipana hoje, resta uma dívida para com Garcez, homem cuja obra pode e deve ser resgatada e discutida.
*Texto publicado no Jornal da Cidade, Caderno B / Opinião /no dia 31/05/2009